Nós da Bancada das Manas pensamos o território amazonense através de uma perspectiva anti racista, solidária, feminista e dos direitos humanos. Na construção deste caderno de propostas prevalece a escuta ativa das diversas comunidades, dos povos tradicionais, dos movimentos sociais e ativistas amazonenses, além do respeito pelo modo de vida das pessoas, o incentivo ao bem-viver e a reconstrução de uma outra realidade para nosso Amazonas.
Entendemos que a construção do nosso mandato começa agora e nossas propostas representam a política que acreditamos: uma política viva, diversa, popular e com a nossa cara.
Aqui você pode ter acesso a este processo de colaboração coletiva e pode trazer suas sugestões.
A pandemia da covid-19 vitimou centenas de amazonenses, muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas se houvesse amplo acesso aos serviços do SUS, disponibilidade nos estabelecimentos de saúde, e se os governos federal e estadual tivessem agido pela vida dos amazonenses. Em janeiro de 2021 nosso estado vivenciou um cenário de guerra, quando dezenas morreram asfixiados, e a sociedade civil organizada carregou cilindros de oxigênio nos ombros para salvar seus parentes. Foi nesse momento que a solidariedade do setor cultural de todo o país possibilitou que a crise de governança vitimasse menos pessoas e que ativistas e militantes reuniram–se para enfrentar a negligência representando aos ministérios públicos as atrocidades que vivenciamos.
Nós da Bancada das Manas compreendemos que é essencial refletir nossa vida pós-covid: lutando pela memória das vítimas, buscando a apuração da verdade e pautar um plano de retomada que considere a saúde mental da população, a saúde dos profissionais da saúde, a educação de jovens e crianças e o resgate de uma economia que tenha o desenvolvimento social como prioridade.
Fortalecer as agendas de mulheres é uma ação transversal de nossa campanha. A violência política de gênero, que é um dos principais fatores para afastamento de mulheres da vida política, é definida como a agressão física, psicológica, econômica, simbólica ou sexual contra a mulher, com a finalidade de impedir ou restringir o acesso ou exercício das funções públicas e de participação social. A Bancada das Manas enfrenta essa questão de frente. Estamos organizadas com cinco mulheres negras do Amazonas para ocupar o cargo de deputadas estaduais em um mandato coletivo. Vamos construir políticas e fiscalizar o Governo Estadual para que as mulheres amazonenses tenham seus direitos garantidos. Nossa campanha encara um cenário político violento e colocamos nossos corpos à disposição de uma luta coletiva pelas que vieram antes de nós, por aquelas que estão e por todas aquelas que virão! Enfrentaremos de forma intransigente o feminicídio, a violência doméstica, o machismo, o sexismo e a exploração infantil.
Com a escalada da violência urbana e de propostas neoliberais para falsa resolução do problema, faz-se indispensável pautar alternativas ao ódio e ao despreparo técnico no enfrentamento às diversas opressões. Entender a cultura como possibilidade de reconstrução nos permite pensar políticas intersetoriais que a considerem como ferramenta preventiva e transformadora. Nosso modo de construir o legislativo acredita na cultura como futuro das cidades, ela não deve ser pensada apenas quando houver estabilidade econômica na nossa região, mas como fomentadora de desenvolvimento econômico, deste modo nosso mandato compromete-se com a cultura, como ferramenta indispensável para reconstrução do nosso estado.
É notável que as políticas públicas propostas no Amazonas não têm alcançado o interior do Estado, nos diálogos e observações o que predomina nos diversos territórios é o descaso. O acesso à energia elétrica, água potável e mesmo alimentação estagnaram a população em um cenário de miséria e abandono. Sobre energia elétrica, apesar da Amazônia gerar 26% da energia elétrica do Brasil, conforme indica o estudo “Amazônia Legal: Quem está Sem Energia Elétrica” o Amazonas possui 159.915 sem luz, e a maioria são indígenas, extrativistas assentados, e quilombolas, demonstrando desigualdades latentes. A fome é outro fator não observado pelos atuais parlamentares, conforme indica o IBGE, cerca de 65% dos amazonenses sofrem sem alimentos em casa. A respeito da saúde há uma discrepância sobre investimento de média e alta complexidade entre capital e interior, como por exemplo de 61 municípios do interior do estado, apenas Parintins possui UTI, inaugurada em 2021. Não é aceitável que direitos básicos sejam vilipendiados em nossas comunidades, sob as mesmas justificativas de 30 anos atrás.
A Bancada das Manas traz como uma das propostas centrais a discussão de políticas públicas que desenvolvam os municípios, consultando e respeitando as populações tradicionais, as florestas e os rios, dentro das competências legislativas, especialmente sobre indicações ao governador do estado e fiscalização incansável.
O Estado do Amazonas possui cerca de 483.862 mil crianças de 0 a 6 anos de idade, representando mais de 10% da população amazonense. Na capital, cerca de 20 mil dessas crianças estão em situação de pobreza. É de amplo conhecimento que investir nas crianças é assegurar um futuro sem desigualdades sociais. Apesar do Brasil possuir uma legislação avançada na legislação da infância, a fiscalização dessas leis têm sido quando inexistentes, ineficientes no estado do Amazonas, por isso o compromisso da Bancada das Manas em propostas para a infância e adolescência através das perspectivas de saúde, cultura e educação.
Afirmamos nosso compromisso com o legado de resistência negra no Amazonas. A Bancada das Manas é uma proposta de aquilombar a Assembleia Legislativa Amazonense com cinco mulheres negras. Representatividade é o único contraponto possível para enfrentar as desigualdades criadas pelos rostos brancos, ricos, heterossexuais e cisgênero, que ocupam o topo da pirâmide social e a maioria dos espaços de poder do nosso estado. As opressões sofridas pelo povo negro estão relacionadas com um sistema patriarcal, supremacista branco e capitalista neoliberal. Nossa Bancada é uma ação para enfrentar, desde o parlamento do Amazonas, o genocídio negro, as desigualdades e injustiças sociais.
A Bancada das Manas defende o respeito à livre orientação sexual, à identidade de gênero, ao direito à vida LGBTQIAPN+, bem como enfrentar a lesbofobia, homofobia e transfobia. É indispensável trazer ao centro da nossa atuação promoção da cidadania LGBTQIAPN+ . Em 2021 o Brasil assassinou 01 lgbtqiapn+ a cada 27 horas, além disso há diferença na taxa de empregabilidade que é menor em relação à heterossexuais, e há mais possibilidade de humilhação e discriminação nos serviços de saúde. Observar esses índices e atuar para que as políticas públicas incidam sobre eles é essencial para promover a dignidade das pessoas.
A Bancada das Manas tem compromisso com as pessoas negras e indígenas do Amazonas no enfrentamento ao racismo e ao ódio religioso. Esta é a mãe de todas as lutas contra a desigualdade e as injustiças sociais. Nosso compromisso com o fortalecimento dos coletivos, movimentos e organizações compostas e protagonizadas por negros e indígenas é fundamental para construção de legislações, a fiscalização do Governo Estadual e a garantia de participação ativa destes grupos em espaços de tomada de decisão. Queremos garantir a promoção do fortalecimento da identidade racial negra e indígena nos bairros, periferias, comunidades, favelas, escolas, universidades e presídios.
A política é a luta constante pelo bem comum. O Amazonas é diverso e fala dezenas de línguas. O nosso estado possui a maior população indígena do Brasil e não existem políticas específicas destinadas para estes povos. A Bancada das Manas tem compromisso com os povos originários na luta por direitos e vai buscar junto com os movimentos indígenas fortalecer as demandas existentes, sobretudo na cobranças das demandas do Governo Estadual para o enfrentamento das violências cometidas contra essas populações que vivem em contextos urbanos, fora de seus territórios tradicionais.
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